A PSICOMOTRICIDADE AUXILIANDO O TRABALHO DO PROFESSOR

Em 14/10/2020

Por Sonia Maria Gouvêa Leite

Colaboradoras: Maita Mendonça Bittar e Patricia Cortes de Melo dos Santos

“ Novos órgãos da percepção passam a existir em 
consequência da necessidade. 
Portanto, ó homem, aumenta tuas necessidades e 
poderás expandir tua percepção”. 
JALLALUDIN RUMI

A Educação no Brasil, segundo a Lei de Diretrizes e Bases –LDB-, criada em 1996, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos: físico, psicológico, intelectual e social. Considera como dever do Estado a atuação e propagação do ensino elementar. 
No título II que trata dos Princípios e fins da educação Nacional, o artigo 2º estabelece: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Quanto ao pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania, se percebe um dos princípios e fins da Educação, sobretudo nas práticas educativas, onde se encontram diversos obstáculos para assegurar o cumprimento do estabelecido na lei.

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PESSOAS PRESTANDO ATENÇÃO: DE QUE “SOFREM” NOSSAS CRIANÇAS E NOSSOS JOVENS?

em 26/08/2020

Por Ana Maria Genescá

É, principalmente, na interação da criança com as práticas escolares e pedagógicas que se visibilizam determinados comportamentos/sinais que são reconhecidos ou nomeados como falta de atenção.

Seria a escola produtora de tais sintomas?

Até há algum tempo a questão da desatenção não se colocava tal como se coloca hoje e nem com a mesma intensidade.

O que mudou?

Houve uma “mutação genética”?

Sofremos alguma “radiação”?

Se sim, de que natureza seria essa “radiação”?

A escola não pode se pensar sozinha. Ela é um fio de uma rede muito maior, na qual se entrelaçam todas as forças da sociedade.

Nesse sentido, proponho olharmos em volta. Olharmos para o que vimos apresentando enquanto sociedade; olharmos para o paradoxo que parece existir entre o que se reconhece ou se nomeia como atenção e os comportamentos que se manifestam na vida contemporânea quase como uma exigência; e olharmos para como a escola tem dialogado ou não com esta realidade.

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A PSICANÁLISE COMO ELEMENTO CONSTITUTIVO NA PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA

Em 29/07/2020

Por Ana Celina Vasconcellos

“Antes de começar gostaria de agradecer a Maria Luiza Leão e ao TEKOA ao convite feito ao Pró-Saber e à oportunidade por estar aqui e falar sobre a prática psicopedagógica da clínica do Instituto Superior de Educação Pró-Saber. Falo em nome da equipe que acompanha o trabalho clínico: a Cinthia Vieira, a Danielle Goldztajn, a Laís Machado e a Teresa Ourivio.

O TEKOA como centro de estudos começa por perguntas e levanta questões… e eu dou prosseguimento à essas questões: como podemos, através da prática psicopedagógica, constatar a psicanálise como elemento constitutivo do nosso trabalho? Como a Maria Cecília Almeida e Silva, diretora do Pró-Saber gosta de lembrar: trazer a peste para a psicopedagogia tal qual Freud teria comentado para Jung em 1909: “eles não sabem que lhes estamos trazendo a peste? ” Quando os dois visitaram os Estados Unidos a convite de Stanley Wall da Universidade Clark de Worcester, referindo-se aos seus estudos do psiquismo humano.  

E o que significa trazer a peste para a psicopedagogia? Qual é a importância da psicanálise para a psicopedagogia? O que significa isso?

Compreender o passado é estar no presente e construir o futuro

O histórico da Psicopedagogia

Meus estudos iniciais nesse campo foram feitos no CEPERJ[1], tal qual muitas de vocês, aqui representado pelas nossas queridas professoras Maria Apparecida Mamede e Maria Luiza Teixeira e remontam ao tripé da Psicopedagogia, advogado pelo professor argentino Jorge Visca (1935-2000).
A Psicopedagogia até então surge para atender crianças com dificuldade de aprendizagem. Com Jorge Visca a psicopedagogia torna-se um conhecimento singular tendo como objeto de estudo o processo de aprendizagem. Seu enfoque teórico foi por ele denominado de epistemologia convergente em função da integração recíproca das contribuições das escolas psicanalítica, piagetiana e da psicologia social de Pichon-Rivière. Visca estuda o processo de aprendizagem em crianças vistas a partir dos aspectos: racional, relacional e afetivo que confluem no aprender do ser humano.


[1] Centro de Estudos Psicopedagógicos do Estado do Rio de Janeiro

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A TRANSFERÊNCIA E A DIMENSÃO DRAMÁTICA DA PSICOPEDAGOGIA

24/06/2020

Por Anne Marie Bouyer

(Anne Marie Bouyer é graduada em Psicologia, com especialização em psicopedagogia clínica e psicanálise. Possui formação em massagem biodinâmica e análise psico-orgânica. Palestrante na área de Estresse, facilitadora em dinâmicas de grupo. Atua na área de treinamento e desenvolvimento humano, bem como atendimento clínico como psicóloga, psicopedagoga e em orientação profissional.)

Em seu artigo, Anne Marie aborda a transferência como fenômeno que ocorre nas relações humanas situando seu discurso sobre a dimensão dramática da psicopedagogia. Sobre a palavra transferência, a autora apresenta, após uma breve explicação sobre o termo e o seu significado etimológico, o significado sob o ponto de vista psicodinâmico e lacaniano. Através de cinco perguntas, o texto abre possibilidades reflexivas ao leitor.

A reflexão inicia-se apontando para a diferenciação entre o fenômeno da transferência vivido na vida cotidiana de um sujeito, daquela transferência vivida no setting terapêutico, no trabalho analítico. Além disso, a autora questiona qual o lugar que o psicopedagogo ocupa no imaginário desse sujeito-cliente. Para pensar a questão, o posicionamento de Freud sobre a constituição subjetiva do sujeito é abordado, valorizando a importância da relação mãe-filho, das relações primárias, na construção da matriz do desejo. O texto aborda também a ressonância afetiva que o sujeito, por algum motivo, estabelece com o psicopedagogo, colocando-o no lugar de uma figura significante, como o pai ou a mãe. 

Ao falar da resistência como mecanismo de defesa do sujeito e tratar de como ela surge durante o tratamento psicopedagógico, Anne Marie evidencia a necessidade de uma disponibilidade interna, acolhedora, do psicopedagogo, pontuando a habilidade que o profissional deve ter ao manejar a transferência para que o sujeito possa ressignificar suas ações e a sua interação com o aprendizado. A autora fecha o texto discorrendo sobre o lugar do psicopedagogo na clínica da aprendizagem, apoiando-se na transferência.

O artigo de Bouyer oferece ao leitor uma bela possibilidade de pensar a dimensão simbólico-desiderativa da aprendizagem, incluindo a ação do psicopedagogo em sua avaliação clínica; reflexão apoiada no fenômeno universal da transferência, carro chefe da psicanálise, instrumento importante no manejo da clínica psicopedagógica e das relações humanas em geral. 

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AMOR E PEDAGOGIA

13/05/2020

Por Sara Pain

(Sara Pain é argentina, Doutora em Filosofia pela Universidade de Buenos Aires e Doutora em Psicologia pela Universidade de Neuchatel, Suíça.)

Através dessa mensagem, de modo poético, Sara Pain declara seu amor dedicado ao ato de educar, aos educadores e à militância pedagógica.
O Tekoa, Centro de Estudos da Aprendizagem, com entusiasmo, faz coro às palavras de sua querida colaboradora cientifica!

O que é educar?

Fazer do outro nosso semelhante. Ensinar é exercer o desejo reprodução na sua forma mais radical, pois carente de inscrições instintivas, o ser humano só chega a ser ele próprio através da aprendizagem.(…)

(…) O amor que permite educar, é o amor pelo que se é, mas somente na medida em que cada um de nós é depositário de uma cultura comum a um grupo e mais além ainda dessa cultura particular, das conquistas próprias ao ser humano em geral.

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O NÃO E O SIM, NA FAMÍLIA, NA ESCOLA, NA VIDA E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO QUE APRENDE E DO SUJEITO QUE NÃO APRENDE

13/04/2020

Por Maria Luiza Oliveira Castro de Leão

(Maria Luiza Oliveira Castro de Leão é Doutora em Ciências da Educação por Paris V Sorbonne. Psicopedagoga, Professora, Pesquisadora e Diretora do Tekoa. Autora do livro O Pensamento Teórico do Tekoa. Rio de Janeiro. Publit.2013.)

No presente artigo, Maria Luiza Leão aborda a importância do Não e do Sim na constituição psíquica do sujeito aprendente nos diferentes contextos sociais. A escola, a família e a vida que o cercam serão repletas de Sins e de Nãos e, com propriedade, a autora nos instiga a fazer uma reflexão acerca da função paterna e da função materna, através de contribuições advindas da psicanálise e tão importantes no exercício da psicopedagogia que estuda o pensamento no ato de aprender.

Maria Luiza traz o Não como uma forma de socialização, que permite  a entrada do sujeito na cultura e na coletividade. Já o Sim, ela enfatiza em sua relação como o acolhimento, a aceitação, o asseguramento e a particularização do sujeito, lembrando que ambos, o Não e o Sim , a função paterna e a função materna  estão constantemente articulados na conduta de um bom educador.

A autora também trata do posicionamento do sujeito na triangulação edípica, e faz uma aproximação esclarecedora acerca dessa relação com a aprendizagem e a não aprendizagem deste sujeito.

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TORNAR-SE AUTOR: MAIS ALÉM DA AUTORIA PARTICULAR DE COMPETÊNCIA RECONHECIDA

03/03/2020

por Ana Maria Carpenter Genescá

(Ana Maria Carpenter Genescá é Mestre em Psicologia pela PUC-RJ com especializações em Psicopedagogia, Grupos Operativos e Currículo e Prática Educativa. Além da prática clínica, tem prática docente – em pós lato sensu, graduação e ensino médio – e exerceu funções de direção e coordenação pedagógica com foco na formação de professores, tanto em instituições da rede pública como da rede privada. Atualmente é docente e pesquisadora do Centro de Estudos Psicopedagógicos Pró-Saber e coordenadora do curso de especialização em Psicopedagogia.)

A autora inicia o texto fazendo a seguinte interrogação: “De que lugar podemos pensar a questão da autoria? Ela então nos apresenta, a partir de olhares diferentes, a definição de autor e liga o processo de escrita ao de leitura. “Tornar-se autor implica em fazer-se leitor e expressar a leitura feita”.

De que lugar podemos pensar a questão da autoria?

Do lugar onipotente dos criadores de mundos/discursos?

Do lugar da potência/promessa de trazer ao real as virtualidades?

Ou do lugar impotente – mas não pessimista, nem niilista – da impossibilidade de qualquer autoria legítima, lugar que considera a autoria uma grande utopia?

O senso comum diz que autor é aquele que leva consigo a marca do criador, que divide com os deuses o fogo e o poder; aquele que tem o “dom” da palavra; que sabe dar forma ao indizível, ao inefável; e domina a arte de agarrar em figuras (metáforas) os sentidos traiçoeiros e escorregadios.

Há quem diga que autor é aquele que, por antecipação, bota ordem no caos nosso de cada dia, que dá forma aos informes e disformes sentires humanos, que se adianta no tempo, adivinhando os desejos latentes do homem – esse desconhecido de si mesmo; que, embora criatura, participa da vida como cocriador do universo.

Mas há quem diga que nada se cria neste universo já criado, que tudo que se diz e se escreve já está de certa forma inscrito como possibilidade, como vir-a-ser. O autor apenas daria forma ao que era, até então, promessa.

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O GATURAMO: A INFLUÊNCIA DA ALEGRIA DO APRENDER NA ESCOLHA DAS SUAS OPÇÕES PROFISSIONAIS

24/01/2020

Neste artigo, Maria Inês expõe, de maneira afetuosa, a influência que o CEAT gerou em sua vida profissional, acadêmica e pessoal. Foi no espaço do Centro Educacional Anísio Teixeira que a autora vivenciou a experiência social da alegria de aprender. Transitando por diversas formações e ocupações, para Maria Inês, ser professora proporciona uma alegria que se situa entre o aprender e o ensinar: ao ensinar se aprende e ao aprender se ensina. Ao longo do seu relato, nos mostra que seus percursos sempre a levaram ao magistério. Este fato se confirma quando explicita que, mesmo ainda sem saber o que queria fazer, conseguiu sua primeira ocupação remunerada como professora. A autora ressalta a importância de sua análise pessoal na trajetória como professora, psicóloga e psicanalista, enfatizando que tal análise a permitiu utilizar um termo que foi criado por ela, denominado “aprender em si mesmo”. A psicanálise se mostra como um importante postulado em sua carreira. Freud e Lacan são dois autores que tornam um dos pilares teóricos que norteiam o percurso de Maria Inês. Neste artigo, encontramos relatos cheios de inquietudes e que nos mostram que a aprendizagem é um fenômeno dinâmico. O conhecer requer que o saber instituído seja sempre questionado, buscando, assim, novos paradigmas, novas aprendizagens e conhecimentos.

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Os três grandes da educação: Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro não podem ser esquecidos

19/11/2019

Quem lida com a História da Educação, como é o nosso caso, titulares que fomos da matéria na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem que tomar certos cuidados para não cometer injustiças. A maior delas pode ser remeter certos nomes para o esquecimento, como se não tivessem existido.

Vejamos três deles com os cuidados devidos. O primeiro é Anísio Teixeira, educador baiano, que faleceu num desastre dramático quando disputava uma vaga na Academia Brasileira de Letras (caiu do elevador do apartamento de Aurélio Buarque de Holanda e ficou dois dias desaparecido).

Anísio, criticado como sendo de esquerda, na verdade foi discípulo de John Dewey, nos Estados Unidos, onde estudou Administração Escolar. Não consta que Dewey tenha tido ideias marxistas. Anísio foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília e antes tinha criado a UDF (Universidade do Distrito Federal, origem da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Escreveu diversos livros de sucesso, defendendo ideias progressistas.

Depois, podemos citar Paulo Freire, de renome internacional. Criou um método de alfabetização que correu mundo, utilizando palavras-chave em lugar do então utilizado método fônico ou silábico. Diz-se que ele fazia proselitismo com as suas ideias, mas o que deve ser questionado é o valor do método. Nos anos 1960 teve o seu método, conhecido como Pedagogia do Oprimido, utilizado com sucesso pelo MEC no Programa Nacional de Alfabetização, até ser cassado. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo, de 1989 a 1991.

O terceiro dos grandes é Darcy Ribeiro, indiscutivelmente um homem de esquerda, com ideias de vanguarda. Serviu ao governo Leonel Brizola, que tinha princípios revolucionários, mas é verdade que Darcy deixou uma forte marca na educação brasileira. Estivemos com ele algumas vezes, pois me pedia para ajudá-lo na aproximação com o Estado de Israel, para a valorização do ensino de Matemática e Informática.

Arnaldo Niskier é jornalista e professor

Artigo publicado na coluna opinião do Jornal O Globo em 13/04/2019

A ESCUTA DO PSICANALISTA NA CLÍNICA DO AUTISMO

21/10/2019

Por Bianca Freitas e Jane Gorne

(Bianca Freitas é graduada em Psicologia na UERJ. Especialista à nível de Residência em Saúde Mental (Imas Juliano Moreira e UFRJ). Formação Contínua em Psicanálise na Escola Letra Freudiana. Saiba mais em: www.akademia.fabricatekoa.com)

(Jane Bravo Gorne é Pedagoga (1989) com habilitação em Educação infantil e Magistério de 2º grau; pós graduada em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Estácio de Sá. Cursou a especialização “A teoria e a prática da Psicopedagogia Clínica” no Tekoa. Possui formação em Psicopedagogia pela Escudela Psicopedagógica de Buenos Aires (diretora – Alicia Fernandez). Formação Contínua em Psicanálise na Escola Letra Freudiana. Saiba mais em: www.akademia.fabricatekoa.com)

Partindo do tratamento clínico com crianças autistas, tomadas uma a uma, e articulando com a teoria psicanalítica, este artigo pretende situar a direção da cura no autismo, percorrendo alguns tempos lógicos necessários para a constituição do sujeito. A Psicanálise indica que há no autismo um sujeito inconstituído. E que, cabe ao analista, com sua aposta e sua escuta, tomar cada gesto, cada som, cada movimento da criança, como a produção singular de um sujeito a se constituir. Numa clínica dos detalhes com cada autista em trabalho, a posição do analista, o seu desejo e o seu saber-fazer constroem-se de forma particular e inventiva.

P., um menino com pouco mais de dois anos de idade, chega para sua primeira sessão de psicanálise. Entra no consultório da analista, não a olha nem se dirige a ela. Não fala nenhuma palavra. Anda o tempo todo pelo consultório, pegando e largando os objetos que encontra em seu percurso. Em determinado momento, grita, joga o corpo sobre o divã, bate na barriga e balança os braços repetidamente. Muitos momentos de silêncio total, um silêncio estranhamente ensurdecedor.

Na “Conferência em Genebra sobre o sintoma”, encontramos indicações fundamentais para a direção do trabalho clínico com os autistas. Lacan diz: “Eles não conseguem escutar o que o Sr. tem para dizer-lhes enquanto o Sr. se ocupa deles.” E, sobre a dificuldade do analista na escuta do autista, acrescenta: “É muito precisamente o que faz que não os escutemos. O fato de que eles não nos escutam. Mas finalmente há sem dúvida algo para dizer-lhes.” Concluindo, afirma:

Trata-se de saber por que há algo no autista ou no chamado esquizofrênico que se congela, poderíamos dizer. Mas […] não [se] pode dizer que não fala. Que […] [se] tenha dificuldade para escutá-lo, para dar seu alcance ao que dizem, não impede que se trate, finalmente, de personagens de preferência verbosos.

Sustentadas pela premissa ética da psicanálise, de aposta no sujeito a advir, partimos do encontro com a clínica do autismo para produzir este trabalho. As indicações de Lacan de pensar o analista nesta clínica nos trazem as seguintes questões: o que Lacan está apontando com relação à posição de um analista na escuta de um autista? O que um analista deve fazer operar com o que escuta? Enfim, na direção da cura, qual o trabalho do analista diante do que escuta de um autista?
Em 1943, Leo Kanner, médico austríaco, publicou um artigo denominado “Os distúrbios autísticos do contato afetivo”, onde apresentou pela primeira vez, a partir do estudo e da observação de onze crianças, uma síndrome que ele nomeou de ‘Autismo Infantil Precoce’. Neste artigo, Kanner diz:

Existe, inicialmente, um ‘fechamento autístico extremo’ que, sempre que possível, faz com que a criança negligencie, ignore ou recuse tudo o que lhe vem do exterior. Um contato físico direto, um movimento ou um ruído que ameaçam interromper este isolamento são tratados ‘como se não existissem’; se isto não for mais suficiente, são, então, sentidos como intrusões profundamente perturbadoras.

Ele observa nessas crianças, além da extrema solidão autística, a presença de movimentos ritualizados, repetitivos e estereotipados. Ele diz: “Há nelas uma necessidade poderosa de não serem perturbadas.” E, com relação à linguagem, Kanner observou que algumas crianças não falavam e outras “adquiriram a ‘capacidade de falar’ na idade normal ou com um certo atraso”. Mas, nesses casos, o uso da linguagem não tinha função de comunicação.
Retornamos a Kanner e à psiquiatria clássica apenas para apresentar a origem do autismo e não para catalogar essas crianças e padronizar seus tratamentos. Na contramão disso, o que se propõe aqui é a aposta no particular. As características que se apresentam em comum nas crianças autistas precisam ser escutadas, singularmente, a cada caso. Trata-se, portanto, de tomar cada criança em sofrimento, uma a uma. Saímos então do geral e comum a todos, que Kanner apresenta na descrição da síndrome, para tratar do particular, da forma como essas dificuldades se apresentam em cada autista. Entramos, portanto, no campo da clínica do particular, da escuta do singular, da aposta na emergência do sujeito, ou seja, no campo da psicanálise.
De acordo com Lacan, o sujeito é estruturado pela linguagem, constituindo-se como efeito dela. No texto “Posição do inconsciente”, ele diz:

O efeito da linguagem é a causa introduzida no sujeito. Por esse efeito, ele não é causa dele mesmo, mas traz em si o germe da causa que o cinde. Pois sua causa é o significante sem o qual não haveria nenhum sujeito no real. Mas esse sujeito é o que o significante representa, e este não pode representar nada senão para um outro significante: ao que se reduz, por conseguinte, o sujeito que escuta.

Seguindo este princípio, a condição para nos tornarmos sujeitos é estarmos submetidos à linguagem. Não se trata de algo dado, natural, ou de um simples processo biológico e orgânico. Precisamos da linguagem.
Recorrendo novamente à “Conferência em Genebra sobre o sintoma”, Lacan diz: “O ser que chamei humano é essencialmente um ser falante”. Em seguida, diz que “ouvir forma parte da palavra. […] que a ressonância da palavra é algo constitucional”. Ratifica, assim, o que havia dito antes sobre os humanos terem “desde o início uma espécie de sensibilidade. […] uma peneira que se atravessa, através da qual a água da linguagem chega a deixar algo para trás, alguns detritos com os quais brincará, com os quais necessariamente ela terá que desembaraçar-se”. Dessa forma, cada criança ao nascer está, desde sempre, inserida num discurso sobre ela. Recebe significantes vindos desse campo que a antecede, campo da linguagem ou campo do Outro. Será a partir daí, desse lugar no campo do Outro, que ela deverá se constituir como sujeito.
Na Revista da Escola Letra Freudiana, O Autismo, onde recolhemos referências fundamentais, Benita Losada, ao trabalhar o tempo do estádio do espelho na constituição do sujeito, assinala o “percurso lógico do sujeito na busca da palavra que vem do campo do Outro, de uma inscrição, da marca do simbólico”. Assim, para que o sujeito advenha, este caminho precisa se dar numa via ativa de mão dupla. Do lado do sujeito, uma busca pela palavra; do lado do Outro, uma oferta da palavra. Um não se dá sem o outro.

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