A Clínica Psicanalítica dos Transtornos Psicossomáticos: de Freud a Winnicott

Em 10/07/2023

Comentário de Ana Bocchini

Artigo de Maria Vitoria Mamede Campos Maia e Nadja Nara Barbosa Pinheiro

A partir de uma vinheta clínica, as autoras, com um olhar clínico, sensível e acolhedor, refletem sobre as dificuldades da clínica dos Transtornos Psicossomáticos. Nesta vinheta, o caso apresentado é do João, uma criança que chegou ao consultório cheio de “nãos”: não andou no tempo esperado, não falava quando se era esperado, o próprio João foi um filho não esperado. Diante de tantas coisas que João não tinha, “faltava-lhe um rótulo e, diante da diferença dele em relação às demais crianças da família, esse era buscado com sofreguidão pelos pais e pelas três irmãs… O que é que João tem?”

O que se percebeu, ao longo das sessões, foi que coube ao João apresentar de forma incisiva que a família estava toda embolada, que havia ali uma não-integração familiar. É a partir deste caso clínico que as autoras, baseados nos conceitos de Freud e Winnicott, destacam a necessidade de se incluir o holding como instrumento clínico além da interpretação. Para Winnicott (1956/2000), quando o bebê vive a repetição constante das experiências de satisfação, é permitido uma paulatina integração à não integração original. “Temos, então, no processo de integração, por um lado, a urgência da vida e sua série infindável de instintos a serem satisfeitos, e, por outro, o holding materno/ambiental que permite que essas satisfações ocorram da forma menos traumática possível, fornecendo-lhes significados, sentidos e contornos ao sem-sentido originário”.

Desse modo, diante do caso do João, coube à analista entrar nesse processo familiar, esclarecer alguns pontos e acolher essa mãe, dando à ela um holding onde ela pudesse se integrar, para que ela pudesse se tornar uma mãe real dentro dela e transmitir isso a seus quatro filhos, inclusive o João, aquele que vocalizou uma problemática que não era só dele. O acolhimento da mãe, o olhar para o João – dialogando com “o que ele tem” ao invés das suas “inúmeras ausências” identificadas por outros sujeitos ao longo da sua vida -, fizeram deste caso uma profunda análise sobre a questão da dissociação psique-soma por uma outra ótica, na qual essa dissociação se espalha por todo um núcleo familiar, para além de um sujeito apenas. Neste caso, o sujeito – João, foi quem explicitou e vocalizou um pedido de ajuda para o seu grupo familiar. Neste sentido, Freud e Winnicott, contribuíram para que as autoras Maria Vitória e Nadja Nara, pensassem na singularidade e especificidade da escuta de cada caso, e, ao mesmo tempo, perceber que o singular se faz presente no plural.

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