Análise sobre a prescrição de benzodiazepínicos por médicos de família no Rio de Janeiro
Em 22/04/2025
Comentário de Andréa Mazzaro
Artigo de Marina Valle e Rafaela Zorzanelli
O estudo investigou os fatores que influenciam a prescrição de benzodiazepínicos (BZD) por médicos da família na atenção primária no Rio de Janeiro. O objetivo foi compreender como a decisão de prescrever ou não esses medicamentos é negociada entre médicos e pacientes. Como metodologia, participaram 12 médicos da Saúde da família, as entrevistas foram conduzidas por meio de uma entrevista semiestruturada, gravada e, posteriormente, transcrita para análise. A pesquisa ocorreu entre agosto e dezembro de 2017 e a seleção dos participantes seguiu a técnica de amostragem “bola de neve”. Principais resultados: os médicos relataram que os motivos para prescrição são frequentemente indicados para ansiedade, insônia e sintomas da depressão. Além disso, são prescritos para queixas somáticas, dores crônicas, hipertensão arterial e casos que incluem dependência. A maioria das prescrições é de renovação e muitos pacientes buscam apenas a continuidade do medicamento. Os médicos se sentem pressionados a renovar receitas, mesmo quando consideram a retirada benéfica. Alguns relataram até intimidação por parte dos pacientes. Como estratégias não farmacológicas, os médicos sugerem higiene do sono, psicoterapia, auriculoterapia e grupos terapêuticos, mas a aceitação pelos pacientes é baixa. Muitos pacientes resistem à retirada dos BZD e, por vezes, sabotam as tentativas de redução. Os médicos apontam que, para alguns pacientes, o medicamento funciona como “muleta” ou “talismã” para lidar com o sofrimento psíquico e social. As conclusões do estudo indicam que a prescrição dos BZD na atenção primária não se limita a questões médicas, mas envolve fatores sociais e culturais. A dependência dos pacientes em relação ao medicamento dificulta as tentativas de uso racional e interrupção. Existe um descompasso entre as expectativas dos médicos e dos pacientes quanto à prescrição. O fortalecimento do trabalho em equipe e o suporte institucional são essenciais para o manejo adequado desses casos. O artigo é de grande relevância pois contribui para a discussão sobre o uso excessivo de benzodiazepínicos, ressaltando a necessidade de estratégias integradas para reduzir o consumo crônico, considerando a realidade dentro da atenção primária.
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