RAZÃO DIAGNÓSTICA, MEDICALIZAÇÃO E BIOIDENTIDADE

em 29/04/2021

por Rossano Cabral Lima

Neste artigo, Rossano Cabral Lima discorre sobre a mudança no panorama da abordagem psiquiátrica para o tratamento do sofrimento mental humano. A partir da criação de um novo transtorno psiquiátrico para diagnosticar crianças, o TDDH (transtorno disruptivo de humor), publicado no DSM 5, o autor faz uma análise crítica sobre a criação de novos diagnósticos psiquiátricos. Ele nos apresenta caminhos por meios  de construções históricas  baseadas em paradigmas culturais vigentes em determinadas épocas, que influenciaram a criação de diagnósticos psiquiátricos. O marco de transição foi a mudança de uma abordagem psicodinâmica do sofrimento mental para um postulado descritivo e organicista, baseado em pressupostos da medicina organicista. Essa transição ocorreu a partir de 5 elementos cruciais da virada entre os anos 1970 e 1980 que o autor nos elenca: predomínio da psicopatologia descritiva sobre a psicodinâmica, crescente hegemonia das correntes organicistas reducionistas, prevalência da psiquiatria baseada em evidências (PBE), ampliação do número de diagnósticos e sua aproximação da faixa de normalidade e ampliação do número de quadros ou situações passíveis de intervenções medicamentosas. Lima postula que essas mudanças podem ser explicadas a partir de duas matrizes interpretativas: a da medicalização e da bioidentidade. 

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