Os três grandes da educação: Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro não podem ser esquecidos

19/11/2019

Quem lida com a História da Educação, como é o nosso caso, titulares que fomos da matéria na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem que tomar certos cuidados para não cometer injustiças. A maior delas pode ser remeter certos nomes para o esquecimento, como se não tivessem existido.

Vejamos três deles com os cuidados devidos. O primeiro é Anísio Teixeira, educador baiano, que faleceu num desastre dramático quando disputava uma vaga na Academia Brasileira de Letras (caiu do elevador do apartamento de Aurélio Buarque de Holanda e ficou dois dias desaparecido).

Anísio, criticado como sendo de esquerda, na verdade foi discípulo de John Dewey, nos Estados Unidos, onde estudou Administração Escolar. Não consta que Dewey tenha tido ideias marxistas. Anísio foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília e antes tinha criado a UDF (Universidade do Distrito Federal, origem da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Escreveu diversos livros de sucesso, defendendo ideias progressistas.

Depois, podemos citar Paulo Freire, de renome internacional. Criou um método de alfabetização que correu mundo, utilizando palavras-chave em lugar do então utilizado método fônico ou silábico. Diz-se que ele fazia proselitismo com as suas ideias, mas o que deve ser questionado é o valor do método. Nos anos 1960 teve o seu método, conhecido como Pedagogia do Oprimido, utilizado com sucesso pelo MEC no Programa Nacional de Alfabetização, até ser cassado. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo, de 1989 a 1991.

O terceiro dos grandes é Darcy Ribeiro, indiscutivelmente um homem de esquerda, com ideias de vanguarda. Serviu ao governo Leonel Brizola, que tinha princípios revolucionários, mas é verdade que Darcy deixou uma forte marca na educação brasileira. Estivemos com ele algumas vezes, pois me pedia para ajudá-lo na aproximação com o Estado de Israel, para a valorização do ensino de Matemática e Informática.

Arnaldo Niskier é jornalista e professor

Artigo publicado na coluna opinião do Jornal O Globo em 13/04/2019