Formação sem fôrma: a singularidade do processo de ser professor da educação infantil

em 28/05/2021

por Michelle Dantas Ferreira e Adrianne Ogêda Guedes

As tensões atuais presentes no campo da formação docente nos exigem atenção e resistência, bem como uma postura crítica e ativa frente aos riscos que as políticas de educação correm. Freitas, em sua conferência no Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (Endipe) de 2016[1], sublinhou o fortalecimento da lógica tecnicista que se apresenta com novas roupagens. Lógica essa em que triunfam os princípios de racionalidade, eficiência e produtividade (Silva, 1999). Sem pretender analisar mais detidamente o complexo e polêmico panorama político do País, trazemos à baila esse assunto, para situar o contexto efervescente em que a educação se encontra e as suas consequências para o campo da formação docente, que é o foco de nosso interesse.

Acreditamos em uma formação em que os sujeitos estão no centro do processo, não apenas como atores, mas principalmente, como autores e protagonistas de suas histórias. Pensando nisso, apresentaremos inicialmente aspectos da trajetória do grupo de pesquisa[2] do qual fazemos parte, constituído majoritariamente por professoras[3] em exercício e estudantes de Pedagogia, com vistas a sublinhar o lugar da autoria e da narrativa em sua constituição. Em seguida, abordaremos as proposições da Educação Estética e das narrativas autobiográficas como caminhos formativos potentes. Acreditamos que a partilha de boas experiências formativas e a reflexão crítica sobre as suas bases teórico-metodológicas podem ampliar a compreensão a respeito de nossa constituição como docente.


[1] Informação verbal obtida durante o Endipe de 2016, em conferência de abertura do evento, proferida por Luiz Carlos Freitas, no dia 23 de agosto.

[2] O grupo Formação e Ressignificação do Educador: Saberes, Troca, Arte e Sentidos (Frestas) foi fundando em fins de 2013 e está inscrito no diretório de grupos de pesquisa da Plataforma Lattes (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/0961910391350474). Atualmente o Frestas integra o Núcleo Infâncias, Natureza e Arte (NiNA), vinculado a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e tem como foco pesquisar Educação Estética, Corpo e Arte na Formação de Professores e na Educação Infantil. É coordenado pela professora Dra. Adrianne Ogêda Guedes, professora associada da instituição e possui cerca de 25 pesquisadores entre voluntários e bolsistas da graduação, extensão e ensino.

[3] Ao falarmos do grupo e dos profissionais da educação no sentido mais específico do trabalho cotidiano nas instituições que atuamos, utilizaremos a palavra no gênero feminino, uma vez que, somos maioria na profissão e no grupo de pesquisa.

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